Pesca artesanal Portuguesa é um exemplo a seguir em toda a Europa
Portugal é um bom exemplo de como a pesca pode ser mais sustentável. Desde Junho deste ano que o Governo decretou a proibição da pesca de arrasto e com redes de emalhar de fundo numa área superior a dois milhões de quilómetros quadrados.
Se a pesca de arrasto é uma técnica recente, a pesca artesanal – bem mais sustentável – é uma arte de gerações que dá emprego e rendimento a muitas comunidades costeiras portuguesas. Este tipo de pesca é praticado em toda a costa lusitana e a sua arte e segredos são passados de pais para filhos, como é o caso de José Sanches, mestre da embarcação Nosso Ideal. O mestre José é pescador porque desde os avós paternos e maternos que o destino foi igual para todos os homens da família – o do mar ao largo de Sesimbra.
Em época de inverno um mar mais calmo é o que pede o mestre José e mesmo perante alertas amarelos emitidos pela Protecção Civil, o pescador reúne a equipa e parte para o mar porque há contas para pagar e à que pôr comida na mesa. “Trabalha-se todo o ano mas só em dois ou três meses é que se ganha alguma coisa, porque de resto é trabalhar para aquecer”, conta o mestre do Nosso Ideal ao Economia Verde.
Muitas das vezes, o peixe pescado dá apenas para pagar o gasóleo da embarcação. “Isto já foi mais rentável porque agora a exploração é muita. Há poluição e outras condicionantes. Antes eram só meia dúzia de pescadores. Agora, todos os dias há gente a pescar, sejam profissionais ou amadores”, explica José Sanches.
O mestre Sanches queixa-se, como muitos outros pescadores, da pesca lúdica e da fraca fiscalização, mas também da falta de apoio à pesca tradicional. Neste ofício não há férias nem subsídios por falta de emprego. Há apenas dias maus sem idas ao mar. Agora, só talvez no início do próximo ano, é que as idas ao mar do mestre Sanches vão trazer um barco cheio de peixe.
Numa altura em que a sobreexploração dos recursos marinhos e a prática da pesca de arrasto estão na ordem da agenda europeia, ao longo da costa nacional é praticada esta pesca tradicional, com menos impacto no meio marinho. Portugal decretou em Junho deste ano a proibição da pesca de arrasto, mas a nível comunitário, a legislação restritiva a este tipo de pesca com um enorme impacto ambiental só agora começou a ser discutida.
Gonçalo Carvalho, presidente da Sciaena – Associação de Ciências Marinhas e Cooperação – garante que Portugal é um exemplo que a Europa deve seguir no que concerne a este tipo de pesca. “Neste caso, Portugal pesca de uma forma que é mais eficiente e que tem menos impacto ambiental. O arrasto passa e varre tudo e estamos a falar de comunidades marinhas como os corais ou esponjas, que demoraram, em alguns casos, milhares de anos a desenvolver-se”, explica Gonçalo Carvalho.
A pesca artesanal é praticada ao largo de toda a costa e é um sector que representa apenas 0,33% do PIB nacional. Contudo, este tipo de pesca assume em Portugal uma relevância maior daquela que é expressa pelos números, pois esta arte fica em algumas regiões, como é o caso de Sesimbra, comunidades que só no mar conseguem profissão e rendimento.
O Economia Verde foi conhecer melhor esta arte de pesca.
Texto de Mäyjo em novamente_geografando.blogs.sapo.pt
DEIXE UM COMENTÁRIO
Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.