Bactéria E.coli detectada na Ria de Aveiro vai impedir a apanha de bivalves durante 6 meses.

Bacteria E.colif

Bactéria E.coli detectada na Ria de Aveiro vai impedir a apanha de bivalves durante 6 meses.

A captura de bivalves encontra-se interdita numa extensa zona lagunar da Ria de Aveiro, devido a descargas de efluentes contaminados com a bactéria Escherichia Coli (E.coli), cujas estirpes podem provocar graves intoxicações alimentares nos seres humanos.

A decisão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), de suspender a apanha de bivalves, compromete direta e irremediavelmente a atividade piscatória de largas dezenas de mariscadores, colocando em causa a sua sobrevivência.
A área afetada até ao momento, é denominada RIAV1, tratando-se da maior e mais produtiva das quatro zonas de pesca da Ria, sendo delimitada pela Ponte da Varela no concelho da Murtosa, a norte, e a Barra de Aveiro, a sul.

Para a Associação da Pesca Artesanal da Região de Aveiro (APARA), a contaminação tem origem em descargas ilegais de detritos de “explorações agrícolas de animais bovinos e suínos”, instaladas na cabeceira norte da Ria de Aveiro, que, assim, prejudicam todo o ecossistema e causam danos irreparáveis a uma vasta comunidade piscatória, que vive exclusivamente da captura de bivalves.

Para o levantamento da interdição acontecer, é necessário que sejam recolhidas e analisadas 12 amostras consecutivas da zona, e que o resultado das mesmas seja negativo. Tal processo implica, no mínimo, um período de seis meses de interdição, já que as recolhas laboratoriais são efetuadas de quinze em quinze dias.

O Movimento de Amigos da Ria de Aveiro (MARIA) deslocou-se ao Cais da Ribeira de Pardelhas, no concelho da Murtosa, onde registou em vídeo um cenário desolador: a chegada à Ria, através da rede de drenagem de águas pluviais, de um caudal permanente de efluentes com elevada carga orgânica, proveniente de descargas ilegais!

A APARA alerta ainda para influencia negativa que o processo de dragagem da Ria está a ter na qualidade da água, uma vez que os sedimentos têm vindo a ser depositados “ilegalmente em zona de navegação, provocando alteração óbvia da qualidade das águas e do meio marinho”.

A Ria de Aveiro abastece cerca de 70 por cento das necessidades do mercado nacional de diferentes espécies de bivalves, designadamente berbigão, mexilhão, amêijoa-boa, amêijoa-japonesa, amêijoa-macha, longueirão e ostra-japonesa, realidade que pode ser colocada em causa devido às descargas criminosas, que implicam longos períodos de proibição de captura, a bem da saúde pública.

Com especial incidência nos concelhos da Murtosa, Estarreja e Ovar, existem dezenas de explorações agropecuárias nas imediações das margens da Ria. De acordo com o relato de especialistas contactados pelo MARIA, nem todas operam nas melhores condições sanitárias e muito menos no estrito respeito pela legislação em vigor.

A ausência de estações adequadas de tratamento dos efluentes provenientes das agropecuárias, a par de uma fiscalização deficiente ou inexistente por parte da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento, do Ministério da Agricultura, das autarquias e de outras entidades com competências; facilitam a continuação destas agressões intoleráveis ao meio ambiente, com consequências indesejáveis para a comunidade de pescadores.

Por POR EM 17/03/2021
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